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sexta-feira, 6 de março de 2009

Discipulado, Incoerências Semânticas e Noções de Relevância


Pode-se considerar discípulo aquele que segue as idéias de outra pessoa em suas atitudes, posições ideológicas ou mesmo determinações existenciais. No meio do Feng Shui (assim como nos meios esotérico-espirituais), é comum se exaltar a relação entre um mestre e seus alunos, ou pelo menos, evidenciar a noção de linhagem, ou seja, a manutenção da continuidade da informação ou tradição. Mas será que esse conceito faz jus à palavra na contemporaneidade, momento esse em que a velocidade da informação nos permite aprender com vários professores e observar inúmeros pontos de vista?

Por um lado, a noção de ter um guia nos facilita na condição unilateral da comunicação, uma referência a um direcionamento coerente já trilhado anteriormente por outrem; naturalmente, uma sabedoria muitas vezes acaba ganhando um perfil de conduta segura em momentos tão instáveis.

Um equívoco comum e extremamente incoerente nos dias atuais é englobar significados ou sentidos inexistentes na palavra discipulado. Participar de cursos com um professor ou mesmo compartilhar algumas idéias com o mesmo por um período torna o participante um discípulo em potencial? A despeito das virtudes de respeitabilidade implícitas na relação, essa condição, por convenção, é garantida somente num nível: o do conhecimento.

É interessante observar que o status de pesquisador ou excelente conhecedor de um assunto pode evocar uma “aura” de sabedoria inata, um exemplo para neófitos ou seguidores de plantão. Nos temas místicos, pode-se esperar o aumento dessa condição em grandes proporções, remontando, o que na ancestralidade, era chamada de poder adquirido pela retenção e acúmulo da informação, o famoso chavão “possuir o segredo das coisas”.

Nenhum problema até aqui, já que isso faz parte do contexto humano. O que se averigua ultrapassado é, em pleno século XXI, condicionar que tal aluno é dissidente de um professor somente pelo fato dele não evidenciar, de maneira e em nível apropriado por alguns, as virtudes do suposto mestre ou guru. Se tal inocência é aceitável para iniciantes, deveria ser inaceitável, caso a condição falaciosa fosse expressada como fato pelo próprio facilitador ao seu grupo de simpatizantes, como aqueles que “cuspiram no prato em que comeram”. Mas como cuspir num prato que nunca existiu ou mesmo num discipulado que só poderia ser considerado nas ilusões das palavras proferidas unilateralmente pelo “dono” da mesma? O agradecimento deveria estar correlacionado, dessa forma, apenas e tão singelamente ao processo da passagem da informação, nem menos, nem mais.

Assim, o discípulo se aceita como tal caso as atitudes, posturas ou determinações existenciais do mestre forem reais e fluírem como exemplos íntimos e silenciosos na Alma do peregrino, além do intelecto ou teoria apresentada. Por conseguinte, todos são professores e alunos ao mesmo tempo; transcender conhecimento em Sabedoria, estes sim são os movimentos dos verdadeiros mestres e guias que deveriam ser seguidos, tanto na Arte do Feng Shui como na Arte da Vida.