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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Feng Shui Avançado - Dragões de Montanha e Água


Durante os dias 23 a 26 de junho de 2011, tivemos um Seminário Avançado de Feng Shui Tradicional que não ministrávamos desde 2008: os Estudos de Shan Shui Long Pai (ou comumente chamado de Dragões de Montanha e Água).

O termo Shan Shui representando técnicas de averiguação dos "contornos" da natureza viva, seja ela, respectivamente, uma montanha (em seus pontos de força e direção) ou como fluxo de água (rios, lagos, piscinas, e por que não dizer, caminhos do Qi - ruas, avenidas, acessos ao imóvel, etc).

Abordaram-se inúmeros aspectos de análise, sob as mais variadas frentes (San-He e San-Yuan), procurando associá-las numa visão ao mesmo tempo dinâmica (uso conjunto) e integrada aos outros Métodos de Feng Shui e Cosmologia, como o Xuan Kong Fei Xing (Estrelas Voadoras) e Zi Ping Ba Zi (4 Pilares).

Sem dúvida, há algo realmente sutil nas poesias deixadas em antigas pedras e águas do Destino...






Para acessar mais fotos do Evento, vide site do Instituto.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Resumo do Ano - Turmas de 2010


Em 2010, fora os Eventos já tradicionais de Cosmologia, Feng Shui e Metafísica Chinesa, abrimos oficialmente os Cursos de Aperfeiçoamento Pessoal ou comumente chamado Ren Qi Xue, compostos pelos temas Bionergia e Eneagrama.

O Curso de Bioenergia aconteceu em julho no Instituto, agregando uma turma vinda de vários pontos, como Florianópolis, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte, Goiânia e interior de SP (Ribeirão Preto, Rio Claro, Araras, Bauru, etc).

Os Eventos de Eneagrama (uma palestra e dois workshops) ocorreram durante o ano no Espaço CEFLE, em SP.

Em 2011 continuaremos a estimular a pesquisa Ren Qi (Potencial Humano), lançando, ainda no primeiro semestre, um novo curso com o tema Ufologia & Espiritualidade. Assim, teremos:


  • Ren Qi - Ufologia: 16 e 17 de abril (sábado e domingo);
  • Ren Qi - Eneagrama: 28 e 29 de maio (sábado e domingo);
  • Ren Qi - Bioenergia: 23 e 24 de julho (sábado e domingo);
Além disso, como ocorre a cada 2 anos, teremos também as Formações Avançadas de Feng Shui Zhong-He Shan Shui Long Pai (Dragões de Montanha e Água) e de Metafísica Chinesa pela ótica do Xuan Kong Da Gua (Grande Hexagrama).


Um Grande Abraço a Todos,

Marcos Murakami e Equipe Eternal Qi



Eventos de 2010:

Formação em Cosmologia Chinesa

Turma Ba Zi - SP
agosto a novembro



Seminário de Feng Shui Tradicional
Turma Ba Zhai - Curitiba
outubro




Workshop Avançado
Turma Zi Ping Ba Zi - SP
julho



Formação em Feng Shui Tradicional
Turma Xuan Kong Fei Xing - SP
maio a julho



Formação em Feng Shui Tradicional
Turma Ba Zhai - SP

março e abril


terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Arte de saber mudar e de fazer Escolhas

Imagem: Digital Blasphemy

Saber mudar não deixa de ser uma arte, já que temos que estar sensíveis o suficiente para fazermos escolhas sábias de acordo com o momento. A vontade de escrever sobre este assunto surgiu a partir de uma “simples” mudança de residência e se concretizou com uma conversa com o meu pai em BH. Provavelmente, para muitos este assunto é natural e tranqüilo, pois já vivenciaram muitas mudanças na vida e acabaram aprendendo com elas. Mas para outros, por falta de oportunidade, acomodação ou até mesmo apego, movimentar-se para novas experiências é muito desafiador.

Por que será que para a maioria é tão difícil mudar, quebrar um vínculo, desapegar, sair da rotina? Por que se sentem tão “sem chão”, com um vazio interno?

Como arquiteta e consultora de Feng Shui Tradicional, essa análise fica ainda mais forte, pois tem tudo a ver com o meu trabalho no dia a dia. E quando falo mudança não me refiro somente a uma mudança de local (residência ou trabalho), mas também questões simples de layout (objetos da estante, cadeira, mesa, cama, sofá, etc), ou até mesmo viagens de longa ou curta duração. Não importa; de qualquer maneira, sempre teremos a possibilidade de rever um hábito ou uma postura de vida com as situações acima, mesmo que seja por um tempo determinado. Em suma, qualquer evento se resume a experiências, pois o que absorvemos, no fim das contas, é somente o aprendizado.

Se formos analisar do ponto de vista do Feng Shui, uma mudança de local físico trará mudanças de probabilidades de vida (no âmbito pessoal / emocional / profissional), ou seja, é como se a partir desse movimento, você não está apenas escolhendo um local (como é visto pela maioria das pessoas), mas sim, todas as suas futuras probabilidades de vida para aquele momento, como referência interna. Provavelmente, todos que estão lendo este artigo com certeza já passaram por algum tipo de mudança e se prestarem atenção, lembrar-se-ão de uma série de experiências que começaram a ocorrer depois deste movimento. Não querendo julgar se foram boas ou ruins, são apenas novas experiências...

E a maravilha está ai. A possibilidade que temos de mudar a qualquer momento e experenciar novas oportunidades! Renascer para algo novo e poder fazer algo diferente, mesmo na dificuldade. Se uma mudança física já está predestinada a ter um fim (já que não somos eternos, nesse sentido), poderíamos ser mais tranqüilos e ter menos receios ao nos deparar com esta situação, não é mesmo?

Finalizo relembrando um pensamento que ouvi numa palestra do amigo e filósofo Alberto Cabral:

“Se você chegar à conclusão que não está fazendo mais escolhas verdadeiras na sua vida (somente seguindo ou reagindo a um fluxo pré-determinado por alguém ou uma sociedade, sem qualquer questionamento) e ignorando o que você atrai como processo de aprendizado, de certa maneira, você está se matando espiritualmente. E isso é sobreviver, não viver..."

Por Renatha Dumond


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Significado das coisas e as Coisas dos significados


É comum, no mundo místico, procurar significados ocultos em números, somatórias de dígitos, em alinhamentos estelares, planetários, etc. Mais do isso, é assumir como certo o evento (geralmente de ordem apocalíptica) quando a idéia é levantada por um especialista em assuntos espirituais, seja um sensitivo, um mestre altivo ou mesmo ambos os aspectos sob um contexto profético.

Com o avanço dos meios de comunicação, isso se torna cada vez mais incontrolável. Uma percepção transcendental é compartilhada num grupo fechado; em meia hora, a idéia está num blog de um dos alunos ou mesmo do professor em questão; em algumas horas, todos os seguidores estão unidos em prece catártica para tentar reverter a situação (com a desculpa de tentar compreendê-la) ou mesmo congelados pela notícia bombástica. E em alguns dias, pessoas fora do grupo inicial conhecem o fato, incluindo observações sincréticas do seu próprio dogma (seja uma conjunção astrológica que ocorre a cada 1.600 anos ou em razão de um 5 anual, aliado a um conflito de Troncos Celestes, Ramos Terrestres, mês interpolado lunar e o tão temido San Sha ou Tai Sui no calendário chinês).

Alguns exaltam ainda mais as interpretações, afirmando que a data em questão será bem pior que dezembro de 2012. Ou seja, estamos perdidos, pois faltam somente alguns dias ou até algumas horas para o evento cataclísmico (e, naturalmente, não tivemos tempo para nos preparamos). Deixamos de viajar, de fazer o que faríamos, de ser como somos. Uns decidem fazer retiros para se conectar com o cosmos, outros entram em transes xamânicos para louvar a Mãe Terra e pedir perdão. Enfim, sendo num caminho ou outro, costuma existir uma similaridade irônica nesses atos: tentar convencer o amigo ou o familiar incrédulo que agora “é pra valer...”, que o peso sentido na alma e no corpo finalmente terá uma justificativa plausível e melhor que isso, será entendido pelos entes queridos!

Bem, passa-se o dia D e nada inusitado acontece. Nenhuma bola de fogo nos céus da Califórina, nenhuma inversão de polaridade visível. Procuram-se indícios, forçando alguns encaixes de maneira exagerada, como o deslizamento na China, o alastramento do incêndio nas florestas européias, o avião que caiu na Baia de Guanabara, o caso Bruno, etc. Mas querendo ou não, alguns questionamentos silenciosos começam a surgir:

- Será que, exatamente pelas orações dos iniciados e amor incondicional dos mestres pela humanidade, conseguiu-se reverter a catástrofe esperada?

- Será que isso foi postergado para alguma data futura a ser divulgada pelos avatares de plantão?

- Será que o que estava previsto realmente ocorreu, mas em outros planos ou mesmo em diferentes realidades, explicados somente por físicos teóricos, vulgo quânticos ou relativistas?

- Ou o que foi exprimido pode ter até sido uma leitura isenta de máculas, mas somente uma visão probabilística, nada além das várias outras que são captadas nesses tempos desafiadores?

O problema não é a divulgação em massa de uma data referente a um suposto "evento global”; isso sempre aconteceu e vai acontecer na história da humanidade, já que somos seres emocionais limitados num tempo e num espaço; em suma, em dimensões. Queremos medir, calcular, direcionar....tudo para nos sentirmos mais seguros.

A questão a ser pensada, na verdade, está além de averiguar se o evento ocorreu ou não (ou se vai acontecer e como), mas de que maneira reagimos a notícias como essa, pois se tais informações podem até ser consideradas estapafúrdicas por um lado, sob outro foco poderiam trazer grandes significados arquetípicos.

Será que realmente mudamos nossa postura de Ser nesses instantes? Ou somente reagimos conforme nossos protocolos de autopreservação, que se para alguns é o dinheiro e a carreira, para os que se firmam como espiritualistas acaba sendo o uso da uma técnica salvadora, seja a oração, a meditação, o mantra exclusivo, o Feng Shui, etc? De qualquer maneira, se qualquer desses movimentos foi gerado pelo medo, isso não é sabedoria, mas sim temor...e tal ato não se transformará em conscientização necessariamente, mas apenas numa busca incessante por outros significados vazios, sinais do cosmos que adormeçam os problemas pessoais e de gurus que cumpram o papel de professores dos “porques”, e a quem se possa atribuir a culpa caso algo dê errado...

Hoje é sexta-feira 13. E afirmo que captei uma mensagem dos mestres espirituais do nível XYZ que o mundo como conhecemos vai terminar em poucas horas, talvez antes de você terminar esse artigo. Alguns poderão confirmar o que digo no calendário maia, chinês, celta, cristão; os sinais estão claros como Sol, exatos como os números. E com certeza, agregam mais do que uma visão probabilística, pois contam com o tal do Elemento Profético, um cálculo que corrige as variáveis, que elimina o Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Ou seja, acabou, já era, se foi, terminou. Mas talvez dê tempo de fazer uma
rápida pergunta antes do fim:

Quem sou eu agora? E mais do que isso, caso tudo tenha desaparecido e acorde sem as desculpas ou razões externas além de mim mesmo, o que sou?


Por Marcos Murakami

terça-feira, 18 de maio de 2010

Por um Feng Shui Mais Artístico


Alberto Cabral - Filósofo e Espiritualista


Como arquiteto, faz parte da minha formação acadêmica uma busca pelo belo, ora no contexto construtivo em si (principalmente pela ótica modernista e suas variantes, dado o treinamento), ora pelo viés conceitual, o valor de uma idéia através do apuro técnico ou mesmo estético. Incluem-se nessa última a observação sensível da arte como um todo, seja a beleza de um quadro ou a profundidade de uma poesia.

Uma das últimas lembranças de como é importante a boa arte na sensibilização da alma surgiu durante um show de MPB. Cadeira e violão, como se pede João Gilberto, além da banda valorizando a voz que tocava algo a mais do que nossos ouvidos, ampliando sonoridades surpreendentes num salão de possibilidades, a aura em manifestação.

Abaixando-se ao entrar e ”batendo cabeça”, ato de agradecimento ao palco, aos integrantes, à platéia; a devoção, enfim, pela música. Mais do que a melodia vocal primorosa, tocou-me o espanto de se ver aplaudida em icônico local, muito maior e lotado do que os barzinhos de outrora. A voz embargada entre os agradecimentos, as lágrimas singelas em meio às canções...

Muitos disseram que a dita apresentação “lavou a alma”; no meu caso, além disso, diria que me fez relembrar a importância dessa sensibilização transpassada a outros ofícios mais duros e secos, incluindo aí o Feng Shui. Como poderíamos nos tornar mais sensíveis à arte do bom lugar, tratando as técnicas de maneira mais suave, como as melodias de Maria Gadú?

No artigo anterior, algumas considerações sobre o Feng Shui foram feitas, sobretudo num ponto em que alguns estudiosos do ramo tradicional podem não concordar: de que, na verdade, o Feng Shui Clássico não é uma ciência (pelo menos no âmago da palavra), mas sim técnicas que, no seu pacote final, mais se aproximam de uma visão artística. Obviamente, não se pretende aqui enquadrar o Kan Yu na mesma arte reconhecida num pintor ou escultor, mas sim averiguar a noção de visão sensível, ou seja, algo que engloba múltiplas possibilidades e estudos unidos por uma sabedoria, no caso, a chinesa.

Sentir as Montanhas e averiguar os seus pontos de força; compreender como o Qi “sopra”, manifestando-se no Tempo e Espaço, unindo as probabilidades energéticas ao cotidiano dos seres, que buscam, assim, uma expressão singular do Bem-Viver...

Assim, mesmo que haja uma metodologia inata, tanto nos textos cifrados quanto na aplicação, parece-me inquestionável a relação entre visão cognitiva (algo que se averigua além da simples percepção lógica dos cinco sentidos) e o Feng Shui. É a partir dessa diretriz sensível que coloco minha aversão ao Kan Yu contemporâneo de simples causa e efeito, sem a mínima mudança na postura pessoal (Ren Qi).

Mas como mudar essa tal postura? Provavelmente através do esforço, um refletir meditativo e atento que configura o Estar Presente, e por inteiro, nas carências e medos vivenciados no cotidiano. Não tentar meramente afastá-los com uma técnica mágica niilista, seja de Dragões de Água, Estrelas Voadoras ou mesmo de Qi Men Dun Jia. Usar os desafios para, como dizia Nietzsche, iniciar um processo de transvaloração dos valores, das certezas.

E quando seria possível vivenciar em totalidade os conflitos do Eterno Retorno, dada a complexidade desse cotidiano que nos afasta do viver pleno? Talvez nos momentos em que nossa guarda “abaixa”, seja pela dor ou na sensibilização d’alma. Pela Espiritualidade. Pela Arte, enfim.

Voltando ao show em questão, vi as similaridades da inocência sábia da cantora-musicista com a sensibilização que gostaria de ver no Feng Shui; naturalmente, não se nega a importância da técnica, do apuramento musical e das influências passadas, tal qual um consultor que utiliza a Luo Pan e estuda em profundidade as escolas e os mestres em questão. Não se nega também a prosperidade, o valor da abundância estimulada por uma boa consultoria, que consegue exaltar o que já estava lá em potencial, tal qual a satisfação do artista ao pisar num palco em “dia de casa cheia” e receber os aplausos merecidos. O que se jaz triste é a tentativa de transformar a ferramenta em solução, o método sensível em simulacros vazios e rígidos, de enquadrar o som lúdico em regras de sucesso.

Naturalmente, há muito a ser aprendido, mas antes, há muito a ser esvaziado...

Essa condição está além do mero jargão ser “mais” San-He (poético) do que San-Yuan (matemático, técnico); ou melhor, é anterior a dicotomia acima, pois se trata de algo vinculado à índole sob efeito do karma (e a contemplação desse fato como foice à maturidade). Por conseguinte, o Feng Shui, nessa ótica, seria uma das infinitas ferramentas que auxiliam na compreensão das experiências em meio à constante mutação das idéias e perspectivas.

Talvez nos falte exatamente o vivenciar dessa Presença, do Inusitado, da Surpresa, da Epifania em momentos de crise; talvez nos falte ensinar e aprender o Feng Shui de uma maneira mais artística; talvez nos falte apreciar, verdadeiramente, a sutil sonoridade que se exalta nos arranjos dos Ventos e das Águas...



Viviane Mosé (PHD) - Psicóloga, Filósofa e Poeta

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Feng Shui e Espiritualidade



A complexidade de se escrever sobre a espiritualidade de uma maneira não dogmática ou desvinculada de uma doutrina denota um exercício extremamente desafiador, já que é comum, tanto para os leitores quanto para próprio o escritor, recorrer a um pacote anterior de pressupostos culturais, religiosos ou místicos para servir de base analítica ao proposto informativo.

A final de contas, como se pode relacionar espiritualidade, termo tão global e específico, tão esotérico e genérico, à técnica do Feng Shui? Para alguns, isso até pode ser muito comum; entretanto, ao se averiguar estritamente as tradições do Feng Shui Clássico, essa conexão pode não estar assim tão evidente.

A palavra espiritualidade significa algo que tem qualidade ou caráter espiritual, e esta última, por usa vez, relativa ou pertencente ao espírito (por oposição à matéria), algo relacionado a uma religião ou ao devoto desta, ou ainda, algo místico, sobrenatural. Bem, por conseguinte, fica fácil entender a ligação entre o Feng Shui e o taoismo, se levarmos em conta esse contexto. Cabe, nesse instante, um parêntese: por quê se salienta tanto a semântica das palavras num texto que poderia ser escrito de maneira mais fácil, mais direta e sem tantos floreios? Simplesmente porque o uso generalizado de termos científicos ou pelo menos de uso mais técnico para se descrever “coisas” da espiritualidade traz um problema: conceitos equivocados e imprecisos de algo que, em essência, já é de difícil digestão além dos grupos fechados.

Comumente ouvem-se termos inusitados, como vibração sutil, ou mesmo “a energia espiritual vibra mais rápido que a do corpo”. Interessante notar a ineficácia do termo, já que por convenção, com a vibração tem-se a idéia de freqüência e ser mais ou menos sutil, algo relacionado à densidade; em resumo, seria o equivalente a dizer que a temperatura de hoje está em 26 maçãs. Esquisito, não?! Da mesma maneira que é bem mais razoável utilizar os termos sutil ou denso para descrever as condições dos corpos ou eventos espirituais (e não vibração), o mesmo princípio deveria ser utilizado ao se relacionar outras áreas: por exemplo, mesmo sendo de uso comum, na verdade não existe uma filosofia taoista, budista, etc, mas sim uma sabedoria, já que para haver a dita filosofia, seria preciso um fundo baseado na dialética, ou seja, um embate de forças e pontos de vista que determinaria, em suma, verdades relativas e momentâneas, mais do que verdades absolutas ou visões de mundo próprias de uma ótica espiritual ou religiosa (a sabedoria).

Dai vem um dos pontos mais criticados pela visão científica / filosófica: os iniciados nas artes espirituais utilizam muitas vezes os termos cunhados pelos cientistas sem ao menos saber qual é o significado e o conceito por trás das palavras; ou seja, utilizam-nas simplesmente por que ficou comum usá-las, esotericamente, dessa maneira.
Induz-se, nesse momento, o outro questionamento: mas o que isso tem a ver com o universo do Feng Shui? Muito, na verdade. Pelo menos três tópicos fundamentais podem surgir, abarcando o fundamento dos significados:

• A validade ou não de tentar sobrepujar o Feng Shui ao status de ciência, por vezes substituindo a palavra pelo seu ancestre Kan Yu ou adicionando os termos Clássico ou Tradicional quase como sinônimos de um Feng Shui Científico (e em oposição ao cunho místico e deveras ritualístico encontrado nas versões modernas);

• Como se processam os efeitos das correções num local analisado, no complexo sistema de forças expostos no binômio construção+pessoa. Existiria uma comunicação (enquanto linguagem), que conecta o sentido formal e conceitual de uma cura ao seu oposto, ou seja, à doença, ao sentido de anomalia ou mesmo ao problema vivenciado pelos moradores / usuários de um espaço? Seria esse ajuste realmente fundamental?

• Se existe um fundo espiritual na colocação das curas no Feng Shui. Seriam os efeitos dessas harmonizações no ambiente um indício da conexão da técnica em si com um sentido energético-sutil, quiçá transcendental?

Sobre o primeiro aspecto, é possível considerar dois pontos de vista. Se a intenção é diferenciar o Feng Shui antigo da sua visão moderna (Chapéu Preto e variações), o termo científico seria até passável, mesmo que genérico. Mas se o foco for exaltar o sentido mais original da palavra ciência, evidencia-se um equívoco quase falacioso. Por quê o Feng Shui seria uma ciência? Por acessar uma sabedoria ancestral ou utilizar combinações de números em algumas de suas escolas? Ou seria por ser, aparentemente, mais lógico e por se basear numa metodologia coerente ao paradigma contemporâneo? Pela simples constatação dos efeitos, diriam os consultores mais crédulos ao sistema. Mas é interessante observar que mesmo tal condição é passível de crítica. Será que todas as casas Wan Shan Wan Shui são realmente boas para prosperidade e bom para relacionamentos e saúde? Os efeitos de uma combinação 5-2 num quarto sempre serão de doenças ou acabarão em tragédias? Um estudioso informado compreenderá que não, que essas premissas dependerão de uma série de outras circunstâncias, como os aspectos formais externos, os usos internos das Estrelas Wang, a relação dos Ming Guas na combinação, as relações com as Estrelas Tempo, com o Mapa Ba Zi dos moradores, e ainda, e mais importante, a interação pessoal com as probabilidades (tendências de uso pelas reações psico-emocionais). Ou seja, essa complexidade de possibilidades e circunstâncias não é uma comprovação científica, mas sim uma constatação individual ou de um pequeno grupo (o que, a priori, tem relevância nas pesquisas humanas, mas não em exatas). Assim, o máximo que se poderia esperar do Feng Shui seria o avanço a uma metodologia científica (que difere do termo ciência per si), o que já ocorre com o esforço de alguns colegas brasileiros e pesquisadores em território estrangeiro.

Por esse viés, o Feng Shui Tradicional possui uma fonte similar aos outros métodos místicos: de que algo funciona por meio de pressupostos ou mesmo crenças, sejam eles míticos (conhecimento original atribuído a figuras como Fu Xi, Da Yu, Jiang Da Hong, entre outros) verdades metafísicas (“as Estrelas, representadas pelos números do He Tu e Luo Shu possuem personalidades que influenciam no comportamento do homem”) ou mesmo dogmáticos (“as únicas verdadeiras escolas de Feng Shui são as que se originaram do Yi Jing”; “o pergaminho Qing Nan Jing é o maior clássico sobre o Xuan Kong”).

Dessa maneira, o Feng Shui é muito menos ciência e mais arte. Uma arte sensível que envolve, naturalmente, técnicas analíticas, mas ainda assim conectadas a uma percepção cognitiva comum em outrora e que agora se salienta na visão holística moderna (e por que não dizer de cunho espiritualista?).

O segundo tópico se processa no questionamento de que a correção de um ambiente pode ter uma condição de linguagem. Mas o que seria isso? Para ilustrar melhor, utilizar-se-á o seguinte contexto: a maneira como o conceito de harmonização mudou na evolução histórica do Feng Shui.

A noção de intervenção energética de um ambiente (não considerando os rituais de consagração e purificação chineses) se baseava somente em estímulos através de mudanças no fluxo do Qi (mudanças de portas, aberturas, caminhos, etc) em seus dois aspectos básicos: Fan (posicionamento) e Wei (direcionamento). Basicamente, é o que hoje alguns consultores denominam como intervenções estruturais.

Com o aumento da complexidade urbana, a substituição das casas pelos prédios, etc, muitas correções que se baseavam em Fan Wei se tornaram difíceis de serem realizadas. Nas primeiras décadas do século XX, um mestre de Feng Shui lançou uma idéia até então inovadora, quase radical: se não é possível mudar o ambiente pelo fluxo, tenta-se, por conseguinte, mudar a percepção (enquanto significado) dos moradores em relação a esse espaço. E para incrementar o fator cognitivo, um objeto é inserido como representação máxima dessa mudança de perspectiva. Naturalmente, valores metafísicos são adicionados ao objeto em questão, reforçados, principalmente, pela teoria do Wu Xing. Chamou-se essa abordagem de Jie Hua.

Prioritariamente, Jie Hua se estruturaria em dois aspectos, quase uma tradução de seu significado: ser correto de maneira prática e de maneira ritualística. Em outras palavras, não seria o objeto em si que efetuaria a harmonização, mas a maneira com a qual a mesma se conecta em significado simbólico (expressado na forma e na função mística) via usuário, ao local. Tendo isso em vista, seria ainda necessário para o homem que esse objeto tivesse uma conexão prática no uso cotidiano ou pelo menos que não gerasse desconfiança, repulsa ou mesmo um problema. (“a cabaça dourada terá que ser colocada nesse ponto, queira o seu marido ou não!!”).

É interessante observar que a transformação do símbolo ao status de “cura” acaba denotando uma total inversão de valores, já que um simulacro passa à agente principal, em vez do ser humano. A função Jie Hua transforma-se, enfim, de representação icônica à aspirina transcendental reforçada pela retórica dos 5 Elementos. Mas funciona e muito bem!, diria o consultor fervoroso. Naturalmente, a observação não é relativa à eficácia do sistema, mas a sua estrutura conceitual. Tais “curas” terão natural repercussão positiva, caso a peça supervalorizada consiga gerar massa crítica suficiente (seja pelo cliente ou até pelo consultor) enquanto significado, tornando-se o contraponto e complemento da suposta área em que está uma combinação nefasta de Estrelas Voadoras ou um portento “letal” do Ba Zhai. Dessa forma, quanto mais pessoas usarem essas representações ao longo da história, mais reforço semântico (no sentido harmônico) existirá da próxima vez em que ocorrer uma intenção ritualística similar. Assim, é provável que tanto a evolução das teorias quanto a exaltação das curas estejam intimamente conectadas e estimuladas pelo que Rupert Sheldrake chama de Campo Morfogenético.

Por conseguinte, usando o conceito de karma (não da maneira comumente divulgada no Ocidente – de algo ruim), mas somente se levando em conta seu aspecto original, a partir do radical khir (ação através da compreensão), não seriam as probabilidades que se manifestam num ambiente apenas um potencial de manifestação das experiências geradas pela Consciência, algo como atratores kármicos de aprendizado? Portanto, dever-se-ia “curar” isso? Ou somente usá-los como ponte para se chegar à compreensão?
Conclui-se o artigo pela análise do terceiro tópico: a possibilidade da harmonização de Feng Shui possuir um papel espiritual ou se ligar de alguma maneira a este. Averiguou-se no decorrer do texto a substituição explícita (por uma questão didática) da palavra espiritualidade por um dos seus aspectos, a informação. Entretanto, mesmo ao se abordar uma questão diretamente pertinente a algo do “espírito”, da alma, em suas características energéticas específicas, como aura, campo bioelétrico (duplo etérico), chacras, etc, e as relações destas com o ambiente e com outras consciências, o papel do Feng Shui não pode ser separado da estrutura de uma linguagem, já que tanto no sentido avaliativo quanto ao se postularem as recomendações, isso não deixa de ser uma visão arquetípica do lugar.

Isto posto, o Feng Shui Tradicional não resgata entidades perdidas ou melhora subitamente as qualidades espirituais de uma construção com a inserção de curas paliativas ou mesmo estruturais; de maneira análoga, um local poderia estar plenamente harmonizado, com excelente ancoragem nas Estrelas 8-Montanha e um belo Ming Tang no 8-Água, e ainda assim, estar com uma egrégora péssima em termos espirituais. O que o Feng Shui pode proporcionar são novas referências de perspectiva ao homem; a este sim, caberá a função de reconhecer / reforçar as energias saudáveis existentes, transformar condições não adequadas ao seu bem estar ou mesmo sucumbir às dificuldades, retroalimentando egrégoras desafiadoras do local ou mesmo da sua própria conduta de vida. Para isso não há cura externa que resolva, além da própria índole.

Assim, independentemente dos variados significados que podem ser atribuídos à Espiritualidade, o Feng Shui torna-se mais do simples técnica para acessar, equalizar ou otimizar tal energia; é, em suma, uma possível representação de um devir espiritual. Um vir a ser estrategicamente camuflado no maior dos desafios: o aprendizado cotidiano, nas pequenas coisas e circunstâncias...

E dessa maneira o Feng Shui se torna pleno: um Feng Shui que ousa se “desconstruir”, que descongela teorias inabaláveis em complexas caldeiras contemporâneas, que aceita a dialética por não tentar ser nem tradicional nem moderno, nem sofredor nem inquisidor, apenas mais um representante de um Zeitgeist que urge em meio a tempos difíceis...

Mais do que um Feng Shui Científico ou Espiritual, está ai o vislumbre de um Feng Shui Filosófico...


Artigo publicado no informativo Kan Yu - Edição Verão 2009


sábado, 5 de dezembro de 2009

Resumo do Ano - Turmas de 2009


Encerramos mais um ano de atividades. Com Eventos ocorridos em São Paulo e Belo Horizonte, tivemos em 2009 uma peculiariedade muito interessante: além dos cursos tradicionais de Feng Shui e Cosmologia, desenvolvemos outras atividades complementares, como o Evento de Bioenergia ministrado pelo prof. Alberto Cabral, e o Workshop de Eneagrama, primeira experiência nesse tema após sete anos de estudo e pesquisa de minha parte.

Destaco ainda os encontros de Desenvolvimento Pessoal ocorridos na sede do Instituto. O grupo, formado por alguns colegas de classe e amigos tiveram como intuito inspirar discussões sobre nosso momento energético, bem como questões de cunho espiritual, filosófico e consciencial. E mais do que tudo, possibilitar a troca de idéias e percepções sobre as verdadeiras funções do Kan Yu em tempos de crise e sutilização, muito mais do que implantar técnicas para se tentar "ocultar" aprendizados muitas vezes desafiadores.

Sem dúvida, foram novos estudos num frescor de uma nova sede...

Sem dúvida, um ano e tanto...=)


Formação em Metafísica Chinesa
Turma Xuan Kong Da Gua - SP
setembro a novembro






Qualidade de Vida & Prosperidade com o Feng Shui
Workshop Básico - SP
outubro



Formação em Cosmologia Chinesa I
Turma Jue Gong Ming Li & Zi Ping Ba Zi - SP
agosto a novembro




Seminário de Feng Shui Tradicional
Turma Xuan Kong Fei Xing - BH
abril




Formação em Feng Shui Tradicional

Turma Xuan Kong Fei Xing - SP
março a junho




Seminário de Feng Shui Tradicional
Turma Ba Zhai Clássico - BH
fevereiro




Formação em Feng Shui Tradicional
Turma Ba Zhai
- SP
fevereiro a maio